O apelo do gaming e como contrariar este "vício"

· crianças e gaming

Os jogos são divertidos, a acção é rápida e os desafios são convidativos. No entanto, o tempo que as crianças e os adolescentes passam em frente dos ecrãs - quer se trate da televisão, do computador ou tablets ou telemóveis - é tempo que não usam para praticar desporto, aprender outras competências ou conviver " ao vivo e a cores".

O desejo de entretenimento instântaneo.

Quando o entretenimento é constante através de jogos de computador, as crianças desenvolvem um desejo crescente de entretenimento instantâneo e imediato que diminui a capacidade de atenção e prejudica a capacidade de escuta. E embora os estudos associem o jogo excessivo a condições como depressão, ansiedade e fobia social, o simples senso comum dita que demasiado tempo gasto a jogar jogos online é contraproducente para o crescimento e desenvolvimento saudável de uma criança.O objectivo não deve ser o de negar o acesso da criança a estas actividades, mas ajudar a encontrar um equilíbrio entre o tempo gasto com jogos online e o tempo gasto em actividades independentes, experiências ao ar livre na natureza e a actividade física que um corpo em crescimento precisa.

Este é um "mal" de que muitas crianças e adolescentes sofrem, falo por expriência própria dado que cá em casa há um adolescente que troca, a toda a hora, qualquer actividade por jogos online. Sim, é verdade que o confianamento agravou esta situação, que ao contrário da nossa geração, se habituou a "conviver" online. Às vezes fico na dúvida de quantos estão no quarto, tal é a cocofonia de vários miúdos a falar e discutir estrtégias......também é verdade que acaba por ser convívio, riem à gargalhadas, discutem, falam de outros assuntos, mas o facto é que não saem de casa, não fazem a tão importante "fotosíntese", não se exercitam......será melhor que passarem horas em cafés de bairro, ou em salas de jogos como as que havia quendo eramos miúdos? Nesse aspecto sinto que estão mais protegidos, a cultura do café de bairro nunca me apelou, francamente confesso que sempre me ultrapassou e tenho a certeza de que os proprietários dos cafés também sentem um certo alívio por não terem que lidar com um grupo de 5 ou 6 adolescentes que em 3 horas de galhofa, consomem um café e uma coca-cola, mas e ir a exposições, à praia, até ao cinema......são gerações diferentes com interesses e apelos diferentes mas, como tudo, o excesso não é bom.

O que, como pais, não devemos fazer e porquê 

Há uma panóplia de opiniões e artigos sobre estratégias para reduzir o tempo que as crianças e jovens passam a jogar. Desde tirar o computador do quarto da criança, instalar software para limitar o acesso, ou em cassos de desespero perental, arrancar a ficha do computador. Estes métodos, na minha opinião, são confrontacionais, e enviam uma mensagem de que a criança carece de auto-controlo e só levaram a que passem a ir para outro lugar, talvez para a casa de um amigo, onde os controlos são menos rigorosos.A cooperação e o respeito devem ser as ferramentas da primeira escolha. A melhor forma de "desmamar" as crianças da dependência dos jogos é fazer com que elas próprias compreendam as consequências de passar demasiado tempo online e tomem a decisão de encontrar um equilíbrio.Eis algumas sugestões:

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1. Manter, durante uma semana, um registo do tempo passado a jogar. Pode ser a criança a fazê-lo mas, pelo sim pelo não e para que seja uma coisa imparcial, faça-o também. Ao fim de uma semana, mostrar à criança uma representação visual do tempo que dedicam a esta actividade. 

É 10% do seu tempo, ou 50%? É provável que a criança não tenha considerado isto, e ficar surpreendido com os resultados. Assim, com dados reais, não há espeço para discussão sobre a quantidade de tempo gasto no jogo, e pode ver se, de facto existe um problema, e até que ponto.

Mostrar-lhes o que esse tempo representaria noutras actividades. Com alguma paciência e reflexão, fazer uma lista de actividades e oportunidades que poderiam ser feitas na mesma quantidade de tempo gasto a jogar. Por exemplo, em 1/4 desse tempo, poderia aprender a tocar um instrumento musical. Em 1/2 desse tempo poderia melhorar num desporto, aprender a andar de biocicleta, a surfar, a fazer uma horta.... Devemos estar preparado para contribuir para o novo instrumento, ajudar a criança a iniciar um programa de actividades, ou ajudar a comprar mantimentos ou equipamento.....mas também não é isso que já fazemos???? O objectivo deste exercício é mostrar à criança quais as actividades que pode estar a perder.

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3. Jogar um jogo com o seu filho. Deixe o seu filho ensinar-lhe um dos seus jogos de vídeo favoritos e experimente-o ( para mim esta estratégia é quase um pesadelo dado que não tenho afenidade nenhuma com jogos, mas o que é que não fazemos pelos nossos filhos???) Pode achar o jogo instrutivo, desafiante, ou deplorável. Em qualquer caso, está a mostrar ao seu filho que tem a mente aberta e que está disposto a experimentar algo novo. Afinal de contas, é isto que está a pedir ao seu filho; que reduza o tempo gasto em jogos. É mais provável que a criança ouça as nossas sugestões se tivermos demonstrado vontade de compreender o apelo dos jogos.

4. Organizar actividades para o seus filho e os seus amigos. Ajudar a pensar e a planear actividades alternativas e para que seja mais atractivo, encontrar formas de incluir os amigos. Consulte os blogues locais, a agenda viral, ou até o centro comunitário local. Por exemplo, na sua zona pode haver um clube náutico, programas desportivos, caminhadas, trilhos para bicicletas de montanha, viagens de aventura, ou outras actividades divertidas ao ar livre. As actividades off-line nem sempre precisam de ser extravagantes ou dispendiosas. Cá em casa, durante a pendemos, decidimos fazer o "game night",  festas de jogos de tabuleiro, em família ao sábado à noite. Foi uma forma de conversarmos, rirmos, dizer disparates.....nesess dias havia menú especial, comidas menos saudável, "finger food".......sim, dá uma trabalheira, mas....de novo....o que é que não fazemos pelos nossos filhos???? Pós pendemia, e porque também temos vida e também sentimos necessidade de sair e ter tempo para nós afgora que voltámos à rotina e não estamos todos em casa, fazêmo-lo não todas as semanas mas 2 vezes por mês, de qualquer forma, pode organizar estas noites de jogos de tabuleiro, para o seu filho e amigos......ouvi-los rir e conversar, e mantê-los abastecidos com pipocas e bebidas para ajudar a torná-lo ainda divertido. Para além da diversão óbvia do jogo estarão a aperfeiçoar as suas capacidades sociais e de comunicação e, quem sabe, a planear outras actividades que podem desfrutar juntos sem ser on-line.

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5. Propor um projecto a longo prazo à escolha da criança/adolescente. O seu filho pode ter um interesse ou objectivo que pareça fora de alcance. Se conseguir descobrir algo pelo qual o seu filho é apaixonado, podeser que consiga também ajudar a realizar essa sua paixão. A maioria das crianças não pensa em projectos a longo prazo, é uma noção de tempo que não lhes faz sentido pela poucos anos que viveram, mas pode mostrar-lhes como com planeamento, tempo e algum dinheiro (lá vamos nós outra vez....) as recompensas podem ser maravilhosas.

O filho de uns amigos mostrou interesse em carros e mecânica - claro que o maior interesse era ter um carro para mal tirasse a carta puder andar por aí, mas aproveitando, ofereceram-lhe a assinatura de uma revista de carros, e começlaram a ver em conjunto todas as series do género. Com a ajuda dos avós, tios etc, compraram um carro, a cair de podre, mas com potencial...e o rapax passou os fins de semna a trabalhar nesse projecto. Com o passar do tempo, os seus amigos começaram a aparecer e a ajudar ou não, mas estavam juntos....davam ideias, econtravam sucateiros para procurar peças. Também acharam o projecto interessante, e gostaram de ver algo evoluir de um plano para um carro que andava de verdade. E quando o projecto esteve concluído, havia uma nova actividade para desfrutar.É claro que nem todos temos o espaço ou a possibiliddae de conseguir pôr de pé um projecto destes, mas pode ser que o seu filho queira construir uma prancha de surf, restaurar um skate, uma bicicleta  ou qualquer outro grande desafio. Claro que, como pais, a nossa participação é necessária parade certa forma a financiar parte do projecto ( sejamos realistas...) e ajudar a vê-lo concluído. Mas um projecto a longo prazo com um filho também é com certeza muito gratificante!

 

6. Reconheça os esforços do seu filho nas actividades offline. Um dos aspectos apelativos dos jogos de vídeo é que qualquer pessoa pode jogar e receber a recompensa é imediata, moedas, avançar no jogo para outros níveis, etc..... Outras coisas, tais como tocar um instrumento, requerem tempo, esforço e autodisciplina antes de se tornarem verdadeiramente agradáveis. Podemos ajudar os nossos filhos a encontrar satisfação em actividades offline, reconhecendo os seus esforços e progressos ao longo do caminho. Uma pesquisa realizada pela psicóloga de Stanford Carol Dweck descobriu que a forma como os pais oferecem a aprovação afecta a forma como as crianças actuam e a forma como se sentem em relação a si próprias. Dweck realizou estudos em que os sujeitos adolescentes tinham que resolver um conjunto de problemas difíceis de um teste de QI. Posteriormente, alguns dos jovens foram elogiados pela sua capacidade: "É preciso ser esperto para conseguir isto". Outros foram elogiados pelos seus esforços: "Devem ter trabalhado muito para conseguir isto". As crianças que foram elogiadas pela sua inteligência foram muito mais propensas a recusar a oportunidade de fazer um novo desfio porque  não queriam fazer nada que pudesse expor as suas deficiências e pôr em causa a sua inteligência e capacidade. Noventa por cento das crianças que foram elogiadas pelo seu trabalho árduo, contudo, estavam ansiosas por assumir o exigente novo exercício. 

Referência:"Louvor pela Inteligência pode anular a motivação e o desempenho das crianças" por Claudia M. Mueller, Ph.D. & Carol S. Dweck, Ph.D. em Journal of Personality and Social Psychology, Vol. 75, No. 1.